domingo, 26 de fevereiro de 2012

ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS

ÁLBUM DE FOTOGRAFIAS


Olhando fotos antigas
Pelo tempo amareladas,
Volto ao passado distante
A cada página virada.
Revivo momentos felizes
Um dia registrados
Entre flashes e sorrisos.

Festas, viagens, eventos,
Tantos acontecimentos,
Tanta vida vivida,
Esquecida num álbum
Antigo de fotografias.

Poses, paisagens, carinhos,
Amores perdidos e amigos
Que ainda trago na memória
Saudosa do meu pensamento.

Branco e preta,
Colorida,
A vida se deposita
Em cada retrato perdido.

Velhos tempos,
Só lembranças.

Vira uma após a outra
Cada página de saudade,
Tão diversa dos moinhos:
Vão e voltam
Repetem-se,
Passam pelo mesmo caminho.

Lembranças, saudades
São luzes mágicas se apagando,
Deixando a vida vazia...


UM BARCO NO MEIO DO MAR


Às vezes a vida parece
Um barco à deriva no mar,
Assim sem rumo,
Sem destino,
Navegando nas ondas do ar.
Vento forte leva longe,
Vai vagando no silêncio,
Vai rasgando seu destino.

Às vezes encontra um porto,
Ancora seguro,
Procura um ninho.
Todavia na manhã seguinte,
Dá partida,
Acena ao vento,
Rompe a onda,
Encara o sonho,
Segue adiante.

Deixa a terra firme
E navega tristemente,
Levando no convés
O lamento da saudade
Que mistura ao sal da lágrima
O sal de todo o oceano.

ESTRELA


Olho o céu pela janela
Vejo uma estrela,
Só uma,
Brilhando tão solitária
Na minha noite vazia.

É tão vasta a escuridão
E tão pequena a janela
Que meus olhos brincam nela
De esconde-esconde
E cabra-cega.

E na brincadeira sapeca
Procuro o amor
Que se esconde.
Tento achar felicidade,
Mas só pego mesmo a saudade.

Volto ao quarto, cansada,
Segurando o sonho meu,
Mas ao fechar a janela,
Saudade fica comigo
E o sonho se desmantela.


VIRADA


Século vinte e um!
Sorria!
Solte fogos!
Alegria!
Quanta tecnologia!...
O homem voa
Para o espaço,
Descobre a clonagem,
Viaja no corpo humano
Com tubos
E microcâmeras.
Cria!
Conquista!
Domina!
Faz guerra,
Mata,
Dá a vida.
É tão poderoso!
No entanto
Ainda não sabe quem é,
De onde vem,
Pra onde vai.
Quando se olha
Não entende
A fé que deveras sente,
A emoção que mente,
Sua condição de gente,
Meio animal racional,
Meio animal irracional!



RELÓGIO DO TEMPO


Há sempre no relógio
Uma hora,
Há sempre na vida
Um tempo,
Que a gente acha
Que é certo
Mas, às vezes
Apesar da certeza,
A hora já passa do tempo,
É aí que a gente percebe
Que a vida já passou,
Que tudo se acabou
E o que podia ter sido
Não foi.
E não adianta mais
Olhar para o futuro,
Porque ele também não existe.
Só resta a lembrança
Vazia de sorte.
A saudade do amor
Que não aconteceu,
A vontade da felicidade
Que no peito não brotou.
E aí a gente descobre
A vida que não viveu.


OFERENDA


A flor na beira do mar
Vai e volta sem parar,
Bóia na espuma da onda,
Olhando a Terra redonda.

Brilha ao sol,
Namora a lua,
Se afoga no choro
Das águas marinhas.

Sangra o espinho,
Avermelha o verde,
Olha o céu,
Deseja a estrela.

Pobre flor,
Desencantada,
Sem asas para voar,
Mergulha pro fundo do mar.

No entanto
Vê na areia,
Mergulhada,
Outra estrela,
Não azul
Como a do céu,
E então,
Retoma a flor
O seu sonho,
Sorri no seu abandono,
Renasce e torna a amar.

PROCURA


Onde estás?
Por onde andas?
Sol dos meus dias,
Estrela das minhas noites,
Vida da minha vida,
Brisa que me acalma
A alma,
Flor que me perfuma
A estrada,
Vento que me seca a lágrima!
Procuro-te na luz
E não te acho,
Perco-me na escuridão
E tu não estás,
Busco-te a cada instante
E não te vejo.
Só me resta então
Esquecer a felicidade,
Abraçar-me à solidão
E me render ao destino.



VIDA


Aquele botão
No vaso
Rosa claro
Sorri,
Abre-se,
Vive
Um instante mágico,
Faz brilhar os olhos,
Emociona a mente.
Depois definha,
Deita-se,
Seca e morre.
E na sua
Vida breve:
Enfeita,
Colore,
Alegra
E vive
Na lembrança,
Eternamente.



ZIZI E ZEZÉ


A abelha Zizi
Zumbe, zune,
Zanza pra lá e pra cá
Voa,
Tirando rasante
Da cozinheira zangada,
Que com medo da ferroada,
Corre, foge,apavorada.
A sisuda Zezé
Tem medo da furiosa Zizi,
Quando a vê batendo as asas
Zumbindo, zanzando em ziguezague,
Fica zonza a cozinheira
Não quer saber de zoada
Na sua cozinha arrumada.

A abelhinha, no entanto,
Examina cada canto,
Dá rasante na panela
Pousa na flor da janela
Procura matar a sede
No miolo da azaléia,
Mas se exalta, não entende
O perfume que ela exala.
Não é cheiro doce
Que a natureza espalha,
Parece veneno azedo
De matéria artificial.
É plástico disfarçado
Imitando a flor real,
Colorido, disfarçando
A vontade de ser natural.

Zizi zonza e zangada
Por ter sido enganada
Voa, batendo as asas,
Acha a porta escancarada,
Veloz, zunindo, zaranzada
Diz adeus a Zezé,
Dando-lhe outra rasante.
Fora da cozinha
E do pano de prato de Zezé,
Respira livre, feliz,
Ouvindo ao longe os gritos
Da Zezé aliviada!

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