domingo, 26 de fevereiro de 2012

CASA DE MINHA MÃE



CASA DE MINHA MÃE


Inicio esta coleção de versos escritos ao longo de minha vida corrida de professora, em momentos de felicidade ou de saudade, de amores ou desamores, de encantos ou desencantos, deixando aqui um poema  da amiga de uma vida inteira, re-encontrada num momento delicado da perda de uma grande e querida amiga em comum: Íris Soldateli Borges. Em homenagem a ela, Mary Lúcia, uma pernambucana sonhadora e delicada de sentimentos, cujo apelido é Bardot, por ter os traços parecidos com Brigite Bardot, compôs estes versos.



            Vou à casa de minha mãe
         Vou visitar-te, minha vida!
         Minha mãezinha querida,
         Mãezinha do coração,
         Lá me sentirei em teu seio
Pisarei em solo santo,
Derramarei o meu pranto
E mergulharei no oceano
Das águas limpas de Deus.

Então lavarei minha alma,
Sentirei tua mão que acalma
E me abençoa pra sempre.
Sê feliz eternamente,
Mãezinha Íris do Céu.
Certamente lá estarás
Com as outras mães gloriosas,
Cercada de flores, de rosas
Plantadas e cuidadas por ti,
Para teu jardim terreno enfeitar .
No entanto agora servem
Para teu cetro adornar,
Como mãe dedicada e pura,
Exalando sempre ternura,
Por isso em paz descansarás.

Levar-te-ei as flores,
Flores dos meus amores,
Que tu me ajudaste a plantar.
A ti cantarei louvores
E os mais doces pensamentos,
Para as dores em virtudes transformar.
Beijar-te-ei a face linda,
Falar-te-ei frases ternas
Que serão eternas
E ficarão guardadas
Em nossos corações.
         No baú da saudade,
Descubro a felicidade da vida
Que os anos não trazem mais.

Descanse em paz, minha mãe,
E até aquele grande dia
Em que todos nos reencontraremos
 E nos laços de amor e alegria
Nós nos iremos rever
E nossas saudades matar!


Para a grande amiga Maria Angela ( anjo )
Com elevada estima e consideração,
                        Da amiga de sempre : Mary Lúcia
 
           

QUASES




É luz apagada,
É estrela sem noite
É chuva morna
No rosto e na alma.

O que hoje é escuro
Já foi brilho,
O que hoje está perdido
Já foi tesouro escondido
A sete chaves,
No peito e no sonho.

É solidão o que um dia
Quase chegou a ser
O despertar do dia,
O sol a despertar a manhã,
O azul perdido no mundo,
O bater do coração aflito,
A vida.

De lua
Sombreando nuvens,
De bolhas de sabão
Coloridas e efêmeras.
É um gosto
De vazio na boca.



ESPERANÇA


A noite espera o dia
Acordar,
O ouvido aguarda
O telefone tocar.

Um ou outro espanta a solidão,
Reacende o sonho,
Rasga o sorriso
E se cruza no caminho:
Esperança de encontro
E vida passando.


VAZIO



É um gosto
De coisa perdida,
De sonho
Sonhado à toa,
De flor
Sentida,
De vida
Mal vivida,


ALMAS



Amor da minha eternidade,
Deixe-me sonhar com você.
A noite chora de saudade
Do sol que seca o doce
No tabuleiro da vida.

A lágrima também desce o rosto
Morna e rápida na caída,
Enruga a pele
Como a chuva molha o chão,
Mata a sede da terra,
Faz nascer o grão,
Uma, adoça o fruto,
Outra amarga a face.

Terno enlace
De almas separadas:
Uma, olhando estrelas,
Outra, vivendo nelas;
Uma, perdida em estradas,
Outra, passando sem vê-las.

Assim vagando
No desencontro,
Ambas passam
Esperando
O tempo
De ser feliz.

SOLIDÃO



A noite vazia e silenciosa
Vai se desenhando
No compasso
Dos minutos
Marcados na dança dos ponteiros.
Ora sobem,
Ora descem,
Dão a volta,
Entre pontos e números,
Cada um no seu ritmo,
A levar o passado pra longe
E avançar presente adentro,
Pra um futuro incerto
Que nunca há de chegar.

Vai e volta,
Não sai do lugar,
Mas no seu movimento,
Muda a vida da gente,
Mostrando que o que já foi
Acabou-se, já não vive.

E o que há de vir,
Será sempre a incógnita
Da vida que se desperta
Sem saber do amanhã,
Sem ter a mínima idéia
Do que se há de viver.

No sobe e desce
Mostra a cada instante
Que não adianta
Esperar,
Que não se pode
Parar,
Sem se morrer um pouco,
A cada volta que a vida dá.

FIM



Havia uma nuvem no céu.
Uma só, tão solitária,
Que mais parecia o véu
De uma noiva imaginária.

Escondi meu sonho nela,
Pobre nuvem! Escureceu,
Chorou tanto a “poverella”
Que o dia azul enegreceu.

Olhei da janela a água
Caindo tão inocente,
Lavando a minha mágoa
Qual lágrima transparente.

E quando tudo passou,
Procurei meu sonho em vão,
De novo o céu azulou,
Não mais vi meu coração!

Perdi tudo numa tarde,
O sonho se desmanchou,
Molhou o chão com a saudade,
Que pena! Assim que tudo acabou.


TARDES DO MEU VALE



Enquanto o céu adormece
E a noite abraça o dia,
Procuro no azul que esmorece
A tua face vazia.

Olho o fim de tarde que desce,
Cobre a serra, escurece o vale
Enquanto minh’alma se entristece
No que resta, sem que me cale.

Grito ao vento, choro a falta,
Da estrela que já não brilha,
Esconde a luz que me assalta,
Conduz-me a vida pra uma ilha.

Paro o passo e não passo
Da linha erguida com cerol,
Faço da vida um laço
Pra levar o sonho ao sol.

Assim, quando na noite,
A dor abafar o choro, o grito,
O sonho há de guardar o amor
Escondido, sem nunca ter sido vivido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário