domingo, 26 de fevereiro de 2012

DISTÂNCIA PARANAENSE

         DISTÂNCIA PARANAENSE


Se eu tivesse um par de asas
Voaria até você,
Passaria óleo em seu corpo,
Nessa noite fria e chuvosa
E depois me abraçaria
Aos seus braços carinhosos,
Dar-lhe-ia muitos beijos,
Até que adormecesse.
E amanhã logo cedo,
Depois de arrumar seu café,
Então voaria de volta,
Rumo ao sol e ao céu azul
Do vale do meu Paraíba.



          SONETO DA CHEGADA


Há um cheiro bom de flores no ar,
Há uma vontade imensa de amar,
O coração se enche de esperança,
Contando as horas pra você chegar.

Há uma alegria de infância no mar,
Há um desejo vão de me atirar,
Nessa onda curvilínea que avança,
Quebra-se, espuma na dança lunar.

Há estrelas que o sol quer apagar,
Há essa manhã de espera sem par,
Há meu sorriso no sonho a vagar.

Quero sua pele morena desnuda,
De acenos vãos vivo na espera muda,
Finco meus pés na plataforma surda.


               SEM ADEUS


Mais uma despedida triste
Na mesma plataforma rústica,
Testemunha muda de lágrimas,
De abraços sentidos de adeus,
De abraços longos de chegada.

Entre malas, passagens, pressa,
Presentes pra um aniversário,
Vejo você partir de novo
Sem saber quando as minhas mãos
Haverão de tocar as suas.

Espero o ônibus partir,
Prego os pés no chão sem querer,
Prolongo a despedida triste
Não penso em me afastar feliz,
Na esperança de ver meus olhos
O seu doce olhar encontrar.



            ARQUITETO

Minha casa tem janelas
Que se abrem para a Serra,
Deixando a vista alongada
A buscar sonhos perdidos.

Tem alpendre com orquídeas
E cadeiras de balanço
Pra embalar os sonhos meus
Em tardes de vento manso.

Há jardins com muito verde
E paredes transparentes,
Pássaros de toda espécie
Cantando pra eu acordar.

Minha casa é meu sonho
Planejada com sabor
Tem segredos revelados
Em cada retrato antigo.

Falta você estar nela
De mãos dadas com a lembrança,
Contando histórias de amor
Que revivo em cada canto.

Minha casa tem suas mãos
No desenho planejado
Fruto da imaginação
Que transborda em seu peito.

Minha casa é nossa casa,
Meu sonho é nosso sonho,
Minha vida é nossa vida,
Na construção desse amor.


            BALÉ


A bola
Rola
Se embola
Gira e corre
Dos pés da menina.
Dança pra cá
Dança pra lá
Finge que vai e fica.
A menina
De vestido colorido
Roda e envolve a bola
Que foge assustada
Com medo das sapatilhas
Pequeninas
Da menina.
Os cachinhos
Pulam, saltam
Entre laços de cetim,
Pra alcançar a bola
Que roda, roda
Pra se livrar da menina.
Nesse balé de rodopios
Entre risos e corridas
Sai a bola colorida
Levantando a areia da rua
Se embolando com a poeira
Na doce brincadeira.
Chora a menina
Ri a bola
Que não dá nem bola
Pra manhosa pequenina,
Quer é ficar livre
Pra rolar, correr, voar
Ficar solta,
Sem destino,
Ser feliz!
Pobre menina!

Um comentário: