domingo, 26 de fevereiro de 2012

SETEMBRO

SETEMBRO


A primavera chega ao vale,
Colore os campos,
Perfuma os ares.
Flores de todas as cores,
Pássaros de todo canto,
Sol forte,
Vento calmo,
Tempestades,
Chuva fina,
Garoa à toa.

Tudo faz a Terra cantar,
É tempo de renascer,
Vem, primavera, vem
Encantar também meu viver!
Faz brotar no peito a semente,
Vem regar esse chão ressequido,
Há muito tempo esquecido,
Carregado só de espinho,
Sem uma flor sequer
Pra cativar meu caminho!



ARCO-ÍRIS


Depois da chuva
O arco-íris
Encheu de sonho
Meu dia.
Brinquei de navegar
Nas suas gotículas d’água,
Brinquei de amar
Nas suas curvas de cores.

Descobri, depois de tudo,
Que a criança já se fora,
Mas ficou de tudo aquilo,
Um gosto de sonho infantil:
Achar no fim do arco-íris,
A magia de um tesouro,
Num pote encantado de ouro!


VOLTA


O peito sangra,
A alma navega
Por dourados sonhos,
O sorriso aflora à face
Em meio a tanta agonia.

Tua imagem é meu alento
Nesse mar de desencantos.

Qual bússola preciosa
Em água tempestuosa,
Tua presença me guia,
Tua palavra me anima,
Conduz-me o passo inseguro,
Nas noites de nostalgia!


CONFLITO


_ Alô!...
É o telefone!
Gela o corpo,
Acelera o coração,
Renasce a esperança.
_ É você?
Lembranças em segundos,
Emoção,
Ansiedade,
Tudo corre nas veias:
Sentimentos confusos,
Um querer sem querer,
Um gostar sem gostar.
_ Como estou?
_ Assim, assim...
O resto do dia,
Só saudade...


POEMINHA INACABADO


É o vento que geme,
É a nuvem que dança,
É a vida passando,
É a morte chegando.

Há uma fresta na janela,
Mostrando cores da favela
E uma nesga de céu
Testemunhando a tristeza.


DESCAMINHOS


Em meio às tormentas da vida
O coração quase explode.
Não sei se é desespero
Ou desesperança.
Não sei se é agonia
Ou morte morrida,
Só sei que desfaleço,
A cada tombo levado,
Bato a cabeça
Quebro a alma,
Morro a cada passo.

Espero uma luz que não vem,
Espero o dia chegar
E o sol voltar.
São tantos os descaminhos,
São poucos os gestos de amor.

Da flor bela e viçosa
Chamada simplesmente carinho
Sobrou a pétala sem viço,
Ficou ainda o espinho,
Que fere e faz sangrar a mão,
Que mata e cala a voz do coração.
Sobrou também a lembrança
Do seu doce sorriso.
Pra onde ir depois da estrada?
O que fazer com a dor?

Rasgar a vida,
Jogar os trapos
Em alguma esquina vazia
E nua de sentimentos,
Partir sem rastro,
Seguir sem olhar para trás.


VOO E RAIZ


O céu azul de primavera
Derrama sua luz perfumada
Na tarde quente e silenciosa,
Enquanto pequenas nuvens
Esparramam-se preguiçosas,
Dançando ao sabor do vento.

Voam sonhos,
Voam pássaros,
Voam pensamentos,
A saudade cria asas
E voa ao vento também.

Mas qual planta me enraizo
Finco os pés no chão,
Tenho medo de ficar,
Tenho medo de voar.

Deixo então que o destino
Conduza-me a lugares distantes,
Entrego-me aos seus desejos,
Não resisto à direção do vento.

Envolvo-me de solidão
E vou,
Sem pensar,
Fingindo não ver,
A cada passo,
A distância que se faz
Entre o sonho e a realidade.


SONHO BOM


Esta noite vi você
Num sonho bom de sonhar.
Estava sério,
Preocupado,
Falou-me de amor,
Deixou no ar
A esperança
De um dia voltar
Pra mim.
Acordei feliz,
Nem sei bem por quê!
Era apenas um sonho,
Nada mais!...
O resto do meu dia
Foi chuva fina
E saudade.



CHUVINHA


Chuva fina,
Vento forte,
Saudade danada
Que mata.
Nem tempestade
Traz de volta
Aquele bater descompassado
De um coração xonado.


MADRUGADAS


São tão resistentes os espinhos
E tão efêmeras as flores
Que adornam meus caminhos...

São tantas nuvens, densos véus,
E tão poucas as estrelas
Que moram nesses céus...

São tantas as saudades
E tão poucos os amores
Que me trazem felicidades...

Que não sei se na verdade
Vale à pena sonhar,
Correr tanto sem chegar...

De tudo sei que me resta
Do muito que procurei
Tão pouco ficou,
Nada achei...

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